“A Chegada”: uma ficção científica provocadora e memorável

A nova produção cinematográfica do cineasta canadense Denis Villeneuve, titulada “A Chegada” (Arrival), que inclusive está entre os indicados ao Oscar 2017, sem sombra de dúvida, vale muito a pena assistir.

Um filme que me surpreendeu pela sua profundidade (é preciso se atentar às entrelinhas), emocionante, inteligente, reflexivo, que também me fez refletir sobre alguns pontos do pensamento do cientista norte-americano Carl Sagan.

Inspirado no conto “Story of your life”, do escritor Ted Chiang, que se encontra no livro “Story of your life and others”, publicado no Brasil pela Editora Intrínseca, com roteiro de Eric Heisserer (muito bem articulado), o filme narra, de forma não-linear, intercalando momentos da vida pessoal da personagem principal, a Dra Louise Banks, interpretada pela atriz Amy Adams, com a chegada de naves extraterrestres a Terra, que passam a pairar em vários países.

A princípio, nada se sabe sobre as reais intenções desses seres estarem ali, apenas ruídos emitidos, um tipo de linguagem complexa a ser interpretada. No entanto, essa presença começa a gerar muita tensão, medo, insegurança nas pessoas, o caos. Enquanto outras nações tentam descobrir algo, nos EUA, o coronel G. T. Weber (Forest Whitaker) busca ajuda com a conceituada linguista, a Dra Louise Banks (a meu ver, é a melhor atuação de Amy Adams, ela está incrível) para tentar uma comunicação.

Com o auxílio do físico e matemático Ian Donnelly (Jeremy Renner), a Dra Banks tenta decodificar essa linguagem, mas não apenas isso, a corporal também está em jogo, pois ambas estão inclusa nessa comunicação. Esse é um ponto muito interessante no filme, essas imagens apresentadas pelos extraterrestres aos se comunicarem, bem como as personagens, não dá para saber ao certo se são símbolos, um ideograma… pela tamanha complexidade dessa forma de inteligência extraterrestre.

Cada vez mais a trama vai envolvendo o espectador de forma emocional, inteligente, auxiliada pela atmosfera e trilha sonora minimalista de Jóhann Jóhannsson (confira aqui um trechinho), que acentua tanto a atuação e tensão no filme, bem como a fotografia, a qual o leva a imersão. Mencionar mais detalhes, com certeza, correria o risco de spoiler, isso seria um crime.

Denis Villeneuve faz referências aos grandes clássicos da ficção científica, como, “O Dia em que a Terra Parou” (1951), do Robert Wise, "2001: Uma Odisseia no Espaço" (1968), de Stanley Kubrick, “Contatos Imediatos de Terceiro Grau” (1977), de Steven Spielberg, e, além disso, traz mais uma vez a mulher como personagem central da trama.

"A Chegada" é ousado, que sai do óbvio de forma inteligente, um filme provocador, filosófico e memorável. 

 

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