Portal do Inferno não tem portas ou cadeados, somente um arco com um aviso que adverte: uma vez dentro, deve-se abandonar toda a esperança de rever o céu, pois de lá não se pode voltar. A alma só tem livre-arbítrio enquanto viva, portanto, viva se decide pelo céu ou pelo inferno. Depois de morta, perde a capacidade de raciocinar e tomar decisões.
Dante Alighieri
O recente trabalho do fotógrafo e professor das Artes Visuais da Unicamp, Fernando de Tacca, está em cartaz na Biblioteca Octávio Ianni do IFCH-Unicamp.
A mostra intitulada “O Inferno Nunca se Farta”, tem como ponto de partida os registros fotográficos referentes ao dia 22 de setembro de 1977, data em que o DOPS (Departamento de Ordem Política e Social) invadiram uma assembleia estudantil na PUC/SP prendendo vários estudantes, inclusive o próprio Tacca.
Com a seleção de algumas fotos da ocasião, Tacca incorpora a essas imagens um cartaz religioso encontrado anos mais tarde, colados em postes de ruas, com os dizeres “O inferno nunca se farta”, dando uma reviravolta nas imagens originais.
Ao se apropriar dessas fotografias, vai intervindo, dando ainda mais significados e força as imagens, trazendo à luz, ao qual expõe – no sentido forte do termo – um material que foi tantas vezes acobertado pelas autoridades e relegado a arquivos obscuros. Além de dar rostos, nome e sobrenome as pessoas que sofreram com o autoritarismo, homenageia e, ao mesmo tempo, faz um resgate da memória.
A mostra está em cartaz até o dia 03 de novembro na Biblioteca Octávio Ianni do Instituto de Filosofia e Ciências Humanas da Unicamp (IFCH-Unicamp). A exposição pode ser conferida de segunda a sexta, das 9h às 21h. A entrada é gratuita. Vale a pena conferir.
Informações
Exposição “O Inferno Nunca se Farta”, de Fernando de Tacca
Data/horário: até o dia 3 de novembro
de segunda a sexta-feira, das 9h às 22h
Local: Biblioteca Octávio Ianni do IFCH-Unicamp
Rua Cora Coralina, 100 – Cidade Universitária, Campinas – SP
Contato: (19) 3521-0121

Erica Ribeiro
Comunicóloga, escritora, cineasta e também jardineira. É cofundadora do Coletivo Pausa, cofundadora/editora-chefe do EntreLinha, uma cinéfila incorrigível, amante das artes e da literatura.