A partir do pensamento de que “(…) a arte não existe como coisa dada, trata-se de procurá-la aonde as coisas não são e não estão”, o artista visual, arquiteto e urbanista Milton Machado, busca evidenciar as esferas que, a princípio, parecem ser distintas.
Na mostra “Produção”, realizado na Galeria Nara Roesler, em 2009, que foi composta por vídeos, instalações, fotos e objetos, é marcado pela experimentação e a arte conceitual, no qual o artista retoma o conceito readymade de Marcel Duchamp (1887 -1968).
Em 2013, um recorte de “Produção” passa a integrar o “Festival de Arte Contemporânea Sesc_ VideoBrasil – Panoramas do Sul” e traz para edição o videoinstalação titulado “Vermelho.”
Este trabalho me chamou a atenção. Nele, o artista registra a saída de placas de um túnel já pintado industrialmente de vermelho numa fábrica de móveis de aço. Exibidas em loop, as imagens são acompanhadas pelos ruídos do próprio ambiente fabril levando o público à imersão.
A cor vermelha presente em toda a superfície da placa, que remete a ideia de um quadro, faz referência às pinturas monocromáticas de grandes pintores como Yves Klein (1928-1962), Paul Klee (1879 – 1940), Josef Albers (1888-1976), Kasimir Malevitch (1878-1935), entre outros artistas.
Há uma grande complexidade nesse trabalho, bem como outros criados por ele. Sendo um artista que provoca e instiga o público, ao olhar atentamente para “Vermelho”, Machado usa das narrativas visuais, apresentada ao longo do vídeo, para suscitar leituras de sua obra, que pode variar sua interpretação de acordo com o repertório do pessoa que observa.
No entanto, uma das possíveis leituras, que pode ser feita, é que aquela placa pintada é apenas uma ideia de uma obra, no qual o artista gera nesse público uma experiência da pintura e, ao mesmo tempo, suscita a pintura no público.