Com traços simples e um estética minimalista, a animação brasileira em 2D, “O Menino e o Mundo”, de Alê Abreu, indicado ao Oscar 2016 na categoria Melhor Animação, impactou-me de forma muito singular com sua simplicidade, beleza e poética.
Alê Abreu traz uma forma única e intensa ao contar a história de um menino que, através de seu ponto de vista, vê seu mundo virar de ponta cabeça ao ver seu pai deixar o lar, no campo, para tentar a vida na cidade grande e sustentar a família. Apegado a ele e cansado de esperar seu retorno, o menino parte em busca do genitor.
Empregando diferentes técnicas, texturas e cores, “O Menino e o Mundo” é uma animação sensorial. Há uma sensibilidade tocante em sua história, na qual é acompanhado por uma trilha sonora marcante, que evidência os sentimentos do protagonista, o menino.
A animação apresenta uma crítica mordaz em relação ao capitalismo globalizado e a mídia, que aliena e manipula. E costura em sua narrativa fragmentos de outros filmes que trazem questões relacionadas à poluição e desmatamento, como dos cineastas Jorge Bodanzky e Orlando Senna.
Os cenários lembram as pinturas do artista Joan Miró e a trilha sonora, composta por Ruben Feffer e Gustavo Kurlat com participação do grande Naná Vasconcelos, além da canção “Aos Olhos de uma Criança”, do rapper Emicida, compõe a atmosfera da animação.
“O Menino e o Mundo” tem conquistado inúmeros prêmios pelo mundo afora e o público de todas as idades, e não é para menos, o projeto, como um todo, realmente é belíssimo.